quinta-feira, 22 de fevereiro de 2007

Conquista

Remexendo na arca daquilo que sou podem-se encontrar motivos de sobra para me justificar. Um simples exercício de introspecção revela-me o mundo, todo! Limita-me apenas a certeza de tudo o que consigo ver: eu a ser eu, simplesmente.

De volta à realidade das coisas objectivas todas as certezas se dissolvem no lodo falso da pureza quotidiana.

Uma brisa de alegria apodera-se de mim. Sou eu, consciente que sou de mim, a gostar daquilo de que tenho consciência. É da própria consciência que vem a brisa.

A certeza da limitação consciente de ser consciente em mim conforta… Tudo!

A Liberdade que se consegue extrair da limitação é a maior que se pode conseguir: quando se conquista conquistou-se o infinito.

quinta-feira, 15 de fevereiro de 2007

Calma em mim

A calma que sinto em mim, melhor, a calma que por vezes sinto em mim, costuma nascer nos outros. Isto não quer dizer que não seja efectivamente minha, apenas quer dizer que costuma nascer nos outros. E quem são esses outros? Aqueles que me fazem sentir que existo, sem rodeios nem grandes artifícios.

Já tenho sentido calma que começa em mim... Essa é mais difícil de traduzir. É uma calma inquieta: calma porque me acalma e inquieta porque me inquieta.

Também já tenho sentido, e não raras vezes, um misto disto tudo. Esses têm sido os momentos felizes. Momentos, horas, dias… Mais que isso e começo a sentir que me estou a vestir de uma Felicidade que não é minha, não porque não exista mas porque apenas foi inventada cá dentro: agasalhos pesados demais para um Inverno que não existe em mim.

Quando sinto esse peso da roupa, dispo-me e recomeço.

Depois aguardo… Sei que mais momentos de Felicidade virão ter comigo, principalmente os que nascem nos outros, aqueles que vejo tão de perto que chego a sentir que somos a mesma coisa, parte comum de um organismo mais complexo e extenso, ainda que legitimamente reduzido e privado.

quinta-feira, 1 de fevereiro de 2007

O dialecto primitivo

Lá vou eu de novo… Sigo por mim como se descesse uma escada em espiral para o abismo que me define.

Quando se chega ao abismo do que somos, nada do que se vê é nítido, nem tão pouco parece real. Afinal sou só eu a olhar para mim, por dentro e no fundo do que sou. E é isto que ofusca a visão, embora a ofusque na mesma medida em que a acrescenta.

Muda-se a linguagem, não por ser outro sitio mas por se terem mudado os símbolos. Ficamos novamente crianças e tudo, mesmo tudo, é novo e fascinante. Até o que nos mete medo. ( Sim, eu sinto medo. ) Depois de se aprender essa linguagem do abismo que visitamos e é nosso, verdadeiramente nosso, começa a viagem pela semântica do que somos.

É neste ponto que me sinto e sou.

Parado em mim e activo na procura do meu significado. Porquê? Já tentei, muitas vezes, responder-me, e a página da resposta ficou sempre em branco.

Cansaço de mim

Tenho sido constante em mim. Tem-me custado, aliás, tem-me sido caro pensar em mim… e nos outros… estou naquela fase em que o cansaço invade e não permite que nada flua livremente de mim para fora.

Esta sensação costuma significar que me estou a aproximar de mim. E é isso que cansa. Estar preso a mim. Tudo se transforma em nada e o cansaço vem.

No final de contas é estado de espírito, ou de outra coisa qualquer, o que não me deixa ser outro que não seja eu. O que mais cansa é o facto de me sentir cansado de mim. Vale-me a certeza de que tudo isto há-de passar, como tudo o resto… e tudo o resto sou eu.