terça-feira, 8 de setembro de 2009

Há muito tempo

Já passava das três da manhã quando sentiu o muro de cimento que lhe ladeava o corpo todo. Não há fuga a isto, pensou.
Subitamente, um pouco por cima do estômago mas ainda abaixo dos pulmões, sentiu uma fresca angústia que nunca havia sentido.
Tudo mais confuso, cada vez pensava mais na prisão estúpida em que se encontrava, deixando o pânico e o desespero tomar conta de si.
Desistiu de pensar. Não foi uma decisão, foi uma imposição da sobrevivência.
Tudo o que lhe restava era o instinto, e esse mandava-o sentir o fresco que vinha de dentro.
Seguiu-a em direcção ao fundo onde todos somos iguais, e, com o corpo ainda preso, libertou-se como nunca tinha conseguido.