terça-feira, 13 de novembro de 2007

Doce

Desintegro-me num voo longo, como fazem alguns pássaros. O motivo não é muito diferente: procurar calor, conforto e sobreviver.

Ora, tal como dizia, desintegro-me. É como se fosse vento, um qualquer, quente e pleno. Como se voltasse ao tão desejado útero. A Mãe é tudo o que não sou e nada mais existe.

Enfim, renasce-se, recomeça-se para mais tarde se findar, de novo. No entretanto é-se eterno, por segundos é certo, mas eterno…

Depois vem a matemática, que não é muito mais que uma tentativa fútil de esclarecer tudo o que não interessa, para justificar tudo isto. Ou não… Sei lá eu… Ou tu…

Chega agora de viagens difíceis. Será que devo dizer difíceis ou complexas? É como abrir certas latas de atum: difícil, não complexo.

Bem, de que falava eu? Ah!... Era a música… Agora é já o silêncio, o doce silêncio do fim do concerto.

quinta-feira, 8 de novembro de 2007

Lado de fora

Há coisas que acontecem neste calhau que me deixam perturbado.

O calhau que estou a falar é a Terra (bocado de matéria a meio caminho entre nada e coisa nenhuma).


As coisas são… bem as coisas são muitas. Muitas é pouco: Ele é gajos a morrer por coisa nenhuma, miúdas mutiladas por crenças, miúdos desmembrados por "dá cá aquela palha", putos subnutridos por meia dúzia de pedras, velhos sós porque não há pachorra…

No meio disto tudo, ainda que completamente do lado de fora, estão as nossas vidas, os nossos problemas, os nossos ais… Menores. Muito menores. Só não o são para nós. Porquê?

Porque o egoísmo faz parte daquilo que somos, todos? Porque a vida dos outros, ou a falta dela, não nos diz assim tanto? Porque…

Não será porque a nossa vida é que não nos diz assim tanto?

Ou será porque a nossa vida nos diz demasiado?