terça-feira, 13 de março de 2007

Quase acção

Fecha-se a janela da percepção e a porta disso mesmo mantém-se aberta. Esta é uma das muitas maneiras de nos isolarmos de tudo o que é resto. O caminho de uma solidão voluntária para se chegar a algum lado que não seja só mais um. E a descoberta começa, já repetida em si mesma, mantendo, ainda assim, a novidade de ser sentida de novo.

O fechar da janela não costuma ser mais que deixar de ver os pássaros, carros, pessoas, árvores, casas, céu, rio. Enfim… tudo o que se pode ver de uma janela como as das casas das pessoas que têm casa com janela. ( A confusão só serve para confundir. )

O abrir a porta é deixar entrar tudo o que o deseje fazê-lo, sem a nossa intervenção, sem o manifestar desejo, como se faz quando vamos olhar pela janela, nem que seja para matar as horas.

Pode entrar tudo. Pode sair tudo. Perde-se a responsabilidade do acto, apenas porque não se actua: vê-se e interpreta-se, só!

Chama-se inércia activa, mata o desejo.