terça-feira, 22 de maio de 2007

Púrpura

Entram pela janela da frente os primeiros raios púrpura
Nem vermelho alaranjado ainda nem já ciano claro...
É a adolescência do resto da manhã isto que me afina o pensamento
Viro o olhar para a porta mais interior da casa onde moro,

Tudo mais claro agora.
Esta luz desmascara alguns cantos da divisão anexa,
Onde guardo os arquivos.
Páginas em código são reveladas
Novidades minhas que guardo só.

quinta-feira, 17 de maio de 2007

O Processo

Tenho ouvido dizer que com o tempo vamos mudando. Ficamos mais fortes, resistentes e até mais sábios.

Discordo! O que me parece que acontece é que vamos criando carapaças e reforçando as que já existiam, enfim… Vamos acrescentando camadas e camadas de cimento à alma de forma a que fique invisível.

O problema é que não se torna só invisível… Fica indizível, indivisível, impalpável… No fim será mesmo improvável.

Não será todo este processo, o envelhecimento, um processo de estupidificação?

Serão estas carapaças e cimentos indispensáveis à existência ou podemos, de vez em quando, despi-las e por a alma a respirar ar puro?!

terça-feira, 15 de maio de 2007

Tiro os óculos

Tiro os óculos da cara, só para embaciar o mundo
Assim, vejo melhor o que está perto.
Melhor não, mais nítido, sem lentes.
A mesa em que escrevo apoia todo o meu peso
Sem queixumes nem gritos nem ânsias
Apoia o meu peso, só.